Quem acompanhou jornais, portais e blogs essa semana viu a grande
polêmica que as palavras “Fortaleza” e “apavorada” juntas podem causar na
população, na mídia e no poder público. Movimento social criado na rede social
Facebook com o intuito de reunir fortalezenses para protestar contra a
violência na cidade, o “Fortaleza Apavorada” já agregou mais de 36 mil pessoas
em sua página e está organizando uma manifestação hoje (13/06), em frente ao
Palácio da Abolição, na avenida Barão de Studart.
Antes mesmo do protesto nas ruas, o movimento já está dando o que falar.
Tanto que o Governo do Estado divulgou nota falando dos avanços da segurança
pública no estado e que respeita a manifestação, mas que tinha informações de
que grupos partidários estariam se infiltrando no movimento para provocar a
violência durante a manifestação. Ainda na nota, o governo informou que irá
enviar observadores ao evento para garantir a integridade física de quem esteja
no local.
Não sei se foi o medo do “Fortaleza Apavorada” tomar grandes proporções
e prejudicar ainda mais a imagem da Polícia, mas a atitude do governo pareceu
uma maneira desesperada de evitar com que as pessoas compareçam a manifestação
ou de desmoralizar, de alguma forma, o movimento. Com a Copa das Confederações
prestes a começar, então, o governo parece querer se preservar ainda mais.
E parece ser justamente por causa da Copa que a mídia está cada vez mais
colocando em pauta assuntos relacionados a segurança pública. Todos os dias
aparecem novos casos de grande repercussão relacionados a violência na cidade,
o que não deixa a mídia se desvincular do assunto e a população fica mais
revoltada e com medo.
O Brasil em si é um país violento, tanto que 10 municípios brasileiros
estão no ranking das 30 cidades mais violentas do mundo no ano de 2012, segundo
pesquisa da instituição mexicana Conselho Cidadão Para a Segurança Pública e
Justiça Penal. Fortaleza, inclusive, ficando na 13ª posição, com 1628
homicídios, em uma população de mais de 2 milhões de pessoas. Baseando-se em
dados e na revolta da população, a violência em nossa cidade deve mesmo possuir
uma atenção maior. Ao contrário do que o Governo do Estado diz na nota
divulgada, a violência parece estar crescendo mais do que a tropa de policiais.
Talvez mais do que novos homens, seja preciso um melhor planejamento nas ações
de segurança pública em Fortaleza e no resto do estado.
O movimento “Fortaleza Apavorada” se diz criado por pessoas apartidárias
que sofreram com a violência da cidade e que decidiram cobrar por mais
segurança. Somente por reunir e estimular os cidadãos a realizarem um papel que
deveria ser comum a todos, o de cobrar do poder público por iniciativas a curto
e longo prazo, esse movimento já fez grande coisa. E devemos nos sentir
indignados mesmo e querer lutar por uma Fortaleza com mais paz.
Por Renato Freire
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