sábado, 27 de abril de 2013

Copa para quem?


A próxima Copa do Mundo, que será realizada no Brasil em 2014, está em sua 20ª edição. Doze capitais serão cidades-sede do evento que promete um investimento de 33 bilhões de reais em infraestrutura, segundo o Governo Federal.

Um evento dessa proporção exige tudo novo. Estádios, portos, metrôs, avenidas, aeroportos... Afinal, segundo o site oficial da Copa, estima-se que 3,7 milhões de turistas gerarão 9,4 bilhões de reais. Isto
somente no mês de junho de 2014! Então, é grande a motivação para que os investimentos corram à todo vapor.

Mas, nos dias normais, em que o futebol não é o eixo central de incentivo aos grandes investimentos, as melhorias para população demoram para deslanchar. Vê-se o exemplo do Metrô de Fortaleza, que padeceu mais de 10 anos para ser colocado nos trilhos. Se a Copa do Mundo tivesse acontecido antes, teria o trem apitado com mais rapidez?

Antes de continuar chutando para 2014, volto para a Copa de 2010, realizada na África do Sul. Segundo o jornal Folha de São Paulo, em 2012 o país ainda padecia com as contas deixadas pelo evento. Eles não têm como manter os estádios, apelidados de elefantes brancos,  nem suas gramas verdes. E os custos – na casa do bilhão – extrapolaram todos as planilhas orçamentárias.

Com a bola nos pés, dirigentes e políticos defendem que só faz bem a Copa. Mas, se sabiam desde 2007 (!) que seríamos sede do maior evento futebolístico do mundo, por que, de escanteio, criaram um Regime Diferenciado de Contratações (RDC), que facilita as licitações? como se todo mundo estivesse surpreso com a bola quebrando o vidro da janela. Um exemplo para o mal: esses processos licitatórios poderão correr em sigilo. E sabemos que muito segredo nas contas públicas não é bom para o Brasil.

Não quero aderir ao pessimismo nem ser condenada por não querer o desenvolvimento do meu país. Longe disso! Estarei, inclusive, nos dias dos jogos do Brasil, de camisa canarinho, no bar mais próximo, onde o couvert é mais barato que o ingresso. Só não quero – e não posso – só jogar confetes e assistir passiva ao espetáculo maior da Terra na minha terra, alheia.

É preciso pensar quais benefícios ficarão para a população e qual conta terei que pagar no final de tudo. No bar e no dia a dia da minha cidade onde eu moro, sem os turistas gastando bilhões. Este artigo, que começa
com uma pergunta, talvez, tenha gerado mais questionamentos do que dado respostas. Mas, quem saberá responder? O tempo, a história.

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